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Godzilla

02/05/2010

Godzilla – por Lucas Veloso

Depois de anos sendo interpretado por um sujeito em roupa de borracha, em 1998, era chegada a hora de Godzilla receber o inevitável remake americano. E o processo ficou na mão do cineasta alemão (!?) Roland Emmerich, o mesmo de Independence Day. Ou seja, de destruição ele entende.

O filme visualmente ficou legal, Godzilla surge numa versão digital muito mais ameaçadora do que qualquer forma que tenha surgido antes, dessa vez criado pelos franceses, e não japoneses. E apesar de Nova York já ter sido destruída uma dúzia de vezes em filmes e algumas na vida real : – ( , as cenas da apresentação do monstro, com ele ainda rondando a cidade sem ser visto direito, e depois as batalhas, são empolgantes. Ainda há uma certa vontade de “prestar homenagem” ao legado japonês, mas no fim, fica só no reconhecimento do nome “Gojira”, para logo depois ser substituído pela versão mais conhecida, “Godzilla”. Como nem tudo são flores, o roteiro é patético, e a forma como uma situação leva à outra é risível. Os personagens são rasos, e é aceitável que, num filme de efeitos especiais, não contratem estrelas porque o orçamento já está inflado. Mas o que temos aqui é ridículo: um Matthew Broderick BEM “pós-Ferris Bueller”, que até não compromete, apesar de não trazer a vivacidade de seu antigo personagem. Mas o cameraman de Hank Azaria e a repórter sem-sal de Maria Pitillo (quem?) mereciam ser pisoteados por Godzilla nos primeiros dez minutos. Por sinal, uma observação machista: não que a gente queira top models em todos os filmes, mas esse filme tem a distinção de não possuir nem UMA mulher bonita em seu elenco. NEM UMA. Isso deve ser algum tipo de recorde. Mesmo Grease tinha Olivia Newton-John pra salvar a pátria. Jean Reno também está no elenco, só porque na época, era o único ator francês que Hollywood conhecia. Outra questão que incomoda é escala: o monstro muda de tamanho de acordo com a necessidade: se a cena pede, ele pode ser maior que um prédio, para logo depois, caber num túnel de metrô. E isso acontece durante todo o filme. Lembro, quando adolescente, de ficar tão confuso no cinema, a ponto de pensar: “Existem DOIS Godzillas? É isso?”

Enfim… existe uma linha tênue entre “filmes pipoca” de diversão descompromissada e mau gosto. Esse filme dança perigosamente sobre essa linha. Não é nada tão atroz quanto o que Emmerich dirigiu/cometeu depois (O Dia Depois de Amanhã e 2012), mas pode te deixar com um mal-estar do tamanho do Godzilla. Especialmente se a ideia de uma parceria entre Puff Daddy (é P. Diddy, agora, né?) e Jimmy Page na trilha sonora te deixa zonzo. Olha, é um filme que me diverte demais. Sério mesmo. Mas não posso, em boa-fé, recomendá-lo, visto que é um “guilty pleasure” meu. Prefira o “pseudo-remake-mas-nem-tanto” Cloverfield.

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