Pular para o conteúdo

Ben-Hur

25/06/2011

Ben-Hur – por Lucas Veloso

Esse era um daqueles filmes que eu tinha vergonha de nunca ter assistido. Afinal, esse é parte daquele seleto grupo de filmes que, enquanto você não tiver assistido, não recebe sua carteirinha de cinéfilo. Pois bem, exageros à parte, o filme não fez história à toa.

William Wyler oferece um espetáculo grandioso como apenas a Hollywood de antigamente podia proporcionar. Cenários babilônicos, centenas de figurantes, armaduras, figurinos e objetos de cena impecáveis, além da trilha sonora épica. Essa palavra ficou meio banalizada, mas aqui é usada sem exagero. Ou pensando melhor, COM o exagero que lhe cabe. Se a sinopse do príncipe que, traído pelo amigo se torna escravo, apenas para ascender depois como nobre romano em busca de vingança lhe parece clichê, é apenas porque foi copiada vezes demais desse filme. Charlton Heston, um ator pelo qual nunca tive muita simpatia (dentro ou fora das telas), conquista finalmente meu respeito na base da porrada. Sua presença como Judah Ben-Hur enche a cena. Não teria como fazer um filme dessa escala com um ator fraco. Stephen Boyd também está formidável como Messala, o amigo/rival de Ben-Hur. Apenas uma ressalva em relaçao às primeiras cenas dos dois juntos, onde a coisa descamba pras insinuações homoeróticas. Apesar de ser essa a intenção (ajuda a explicar o sentimento de rejeição de Messala depois), as cenas parecem forçadas, e totalmente deslocadas do resto.

Já a tão falada corrida de bigas é simplesmente e indiscutivelmente um dos momentos mais inspirados da história do cinema. Tudo é impressionante! O preparo deve ter sido monstruoso para manter tudo plasticamente bonito, empolgante, mas ao mesmo tempo seguro e viável para todos os envolvidos. Resumindo, o filme enche os olhos e emociona, ainda mais por contar a saga de Ben-Hur paralelamente à de Jesus de Nazaré, até que por fim as duas estórias se encontram de maneira magistral. O único motivo pelo qual não dou cinco canecas (coroas de louros seria mais apropriado) é que acabei gostando tanto dos personagens, que me frustrei quando a trama encerrou a participação de alguns deles de forma brusca. Mesma coisa se aplica ao roteiro: passamos um bom tempo conhecendo Ben-Hur e observando sua queda e renascimento. Mas uma vez que chegamos em Roma, não vemos nada. De uma cena para a outra, o cara passa de escravo a “filho” do cônsul romano, com direito a dama a tiracolo e tudo. Calma lá, galera! O filme tem quatro horas, não ia doer dedicar uns minutinhos a mais mostrando como ele se tornou um condutor de charretes tão bom. Seja como for, ainda sobre a duração, o filme é um dos “bons filmes longos”, ou seja, dura quatro horas mas não parece. Tem sempre tanta coisa interessante acontecendo que você não sente o tempo passar.

Simplesmente obrigatório. Sério mesmo. Não quero entrar no panteão de pseudo-intelectuais cinematográficos (apesar de só essa frase já garantir minha entrada), mas realmente é essencial que seja assistido. Se você é apreciador do bom cinema, é um favor a si mesmo.

4 Comentários leave one →
  1. makito permalink
    30/10/2011 3:58 PM

    Quando assisti o filme ben hur pela primeira vez no cinema, percebi que estava diante do filme épico que jamais seria igualado por nenhum outro, pois nunca tinha sentido uma emoção, uma sensação de extrema felicidade, e êxtase quase o filme todo. O que poderia acontecer dali em diante, é sentir o mesmo com outro filme, mas nunca superior, porque aquilo foi o máximo de sentimento.Não senti isso com nenhum filme feito antes e nem depois de ben hur.
    Só quem assistiu ben hur no cinema, faz ideia do que é esse filme. Ben hur é incomparável, ben hur tem as maiores cenas reais já feitas para o cinema, foi filmado em câmera 65 de 70mm. Nas cenas do desfile em Roma percebe-se o calor da população com a insuperável e magnífica trilha sonora do compositor mestre dos filmes épicos, Miklos Rosza. Em ben hur foi construído um circo máximo de 73 mil metros quadrados, com grandiosidade natural e de total realismo nas cenas de ação, que são de tirar o fôlego, parece que o telespectador é arremessado para dentro do circo, tamanha é a adrenalina. Só isso já bastaria para ben hur se tornar inigualável, mas o melhor em ben hur é que, a história do personagem caminha paralelamente com a de Jesus Cristo.Quando ele é levado como escravo para as galés, no caminho ele tem um encontro emocionante com um homem, sem saber quem era esse homem ( na verdade Deus feito homem, Jesus Cristo ) e que mudará por completo o seu destino, dando uma nova vida e uma força incrível com acontecimentos e situações que nem ele sabe explicar, pois é Deus que está agindo por ele.Isso é de uma emoção indescritível e o grande diferencial do filme.

  2. 31/10/2011 8:23 PM

    Uau! Obrigado pela compreensiva análise, Makito! Quem dera poder ter visto isso na telona…

    • makito permalink
      31/10/2011 10:48 PM

      Por nada, eu que agradeço a análise feita por voces, não só do filme ben hur como dos outros tambem.Estão de parabens.

  3. Paulo Rodrigues permalink
    09/11/2011 9:50 PM

    Realmente o filme é grandioso!!! Sou fã desse filme, tambem me emociono cada vez que o vejo, jamais sera superado! Charlton Heston arrazou!

Deixar mensagem para criticosbotequim Cancelar resposta